Grupo de Mulheres Pretas e Trabalhadoras (GMPT) - O Histórico

        O Grupo de Mulheres Pretas e Trabalhadoras (GMPT) da Prefeitura do Município de São Paulo - PMSP foi instituído em 2019 pelas servidoras/trabalhadores – Edna Regina da Silva, Vanessa dos S. Rufino Silva, Ana Cleia Araújo , Patrícia Maria da Silva, Paola Martins, Flávia Ribeiro e outras companheiras, algumas delas, militantes no Coletivo de Servidores SUAS/Sindsep e também pelas servidoras públicas e integrantes do Grupo de Estudo das Relações Étnico raciais no Serviço Social - GERESS, Suelma Ines de A. Deus , Augusta Santo (Guta), Ester Vargem , grupo que há 12 anos atua na intersecção Serviço Social e questões raciais. 

        Entendendo o papel do racismo estrutural em nossa sociedade e que tem como finalidade, garantir a desigualdade de classes, assegurando a dominação dos brancos por meio da racialização; estrutura importante no sistema capitalista. Entendendo porque o conceito de raças foi criado e a quem serve a classificação das raças e porquê existe a inferiorização de negros, indígenas. Avaliamos a importância de desenvolvermos ações de combate ao racismo.

  A questão do combate ao racismo estrutural e do racismo institucional não aparecia como estratégia de atuação da Prefeitura Municipal de São Paulo - PMSP, e também não era fundante na atuação do SINDSEP, apesar da existência de uma “Diretoria de Igualdade Racial” na estrutura sindical, nenhuma ação para enfrentar o Racismo vivenciada por muitas profissionais no cotidiano profissional foi realizada. 

O racismo institucional vem funcionando na PMSP como um mecanismo de eliminação e silenciamento de algumas trabalhadoras militantes. E da forma como está estabelecido, no nosso cotidiano profissional, somos inferiorizadas; nossa história, militância e prática profissional são invisibilizadas.   

       Destacamos algumas situações resultantes da vivência com condutas racistas no local de trabalho:

       – As trabalhadoras negras, em sua maioria, executam trabalhos mais penosos, na linha de frente, enquanto outras/os servidoras/es não negras atuam em condição mais privilegiada;

       - As trabalhadoras negras precisam ser as melhores na prática profissional, mas raramente são convidadas a ocupar cargos de chefia;

       - Quando questionam a condição de trabalho e as desigualdades na distribuição das tarefas, são reconhecidas como as “personalidades difíceis” da equipe e que “falam demais”;

        - As equipes de trabalho, isolam as trabalhadoras, ignorando e tornando invisível, as práticas racistas e o sofrimento vivenciado pela profissional, vítima do racismo institucional;

          O objetivo do GMPT foi dialogar sobre o adoecimento de servidoras públicas em função do impacto do racismo vivenciado nos locais de trabalho; verificar como o Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (SINDSEP), em especial o Departamento de Saúde do Trabalhador, lidava com o adoecimento de cunho racial; abrir diálogo com o SINDSEP para alinhar uma intervenção de combate ao racismo institucional presente em Secretarias da PMSP.

           Entre as ações realizadas pelo GMPT destacamos o acolhimento das profissionais que passavam pelo adoecimento psíquico, a realização de duas reuniões com o SINDSEP com a presença de dirigentes da Diretoria de Combate ao Racismo, Diretoria da Mulher, Departamento Jurídico e Departamento de Saúde do Trabalhador, a presença de representantes do Departamento Jurídico e do Departamento de Saúde do Trabalhador no aniversário de 11 anos do GERESS, a mobilização do GMPT junto ao gabinete da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social – SMADS e a consequente inclusão da pauta racial em atividades realizadas pelo gabinete. Além disso, passaram a compor o GMTP servidoras das secretarias da Habitação, Cultura, Saúde, entre outras.

           A partir do contato com o SINDSEP constatamos que a Diretoria de Igualdade Racial estava desmobilizada para atuar no combate ao racismo institucional presente em setores da PMSP, o SINDSEP intervia com mais celeridade em situações de trabalhadores não negros, em contrapartida, promovia mesa de negociação com conduta racista e prejudicial as servidoras negras e inoperância seguida da invisibilidade das vítimas.

       Como resultado dessas ações algumas propostas foram elencadas:

  • Solicitar à PMSP um censo dos funcionários públicos com a inclusão do quesito raça/cor;
  • Oficiar a PMSP para apresentar dados referentes a distribuição dos cargos entre os servidores por raça/cor;
  • Verificar se a lei de cotas é aplicada na distribuição de cargos;
  • Realizar Campanha de combate ao racismo no serviço público;
  • Promover curso sobre racismo institucional tanto para os servidores públicos como para os dirigentes sindicais  ; 
  • Implementar conduta no Departamento de Saúde do Trabalhador para que os casos de racismo deixem de ser “tratados” como assédio moral.

          Por meio deste grupo, conseguimos dar destaque para a existência do Racismo Institucional como prática na Secretaria Municipal de Assistência Social - SMADS, e em toda a estrutura da PMSP, colocamos holofote em um discussão apagada, invisível. Não será mais tolerado que o sofrimento causado por práticas racistas passe despercebido, que pessoas sejam rotuladas, segregadas nos locais de trabalho, que a questão racial que, também é social e política seja destorcida, analisada como “um problema de personalidade”. O racismo que antes era jogado para debaixo do tapete e apenas sentido pelas pretas e pretos passou a ser apontado, problematizado, desvendado.

       Avaliamos que este grupo cumpre um papel importante qual seja, debater e refletir o racismo presente no cotidiano profissional atrelado a branquitude e o movimento de inferiorização dos nossos corpos, nossa história, nossa capacidade e brilhantismo profissional. 

      Denunciar a tentativa de apagamento histórico, só poderia ocorrer por parte de mulheres pretas com o apoio político da militância preta revolucionária e demais militantes solidários com a luta antirracista. 

        E evidenciar por meio de denúncia tamanha tentativa de apagamento, só poderia ocorrer por parte de mulheres pretas com apoio político da militância preta revolucionária.    


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